sábado, 30 de setembro de 2017

[Mini-Conto] Promessa

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Conto quinzenal pra oficina do E.L.F.A.!


Limite de 500 palavras, tema estrelas.


Claro que ambientei em Aera xD


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PROMESSA
(do universo de Aera, o mundo dos Deuses Ventos)
(histórias de Ka'aretama, as selvas do Sul)


Ele sempre amou a chuva, e os cabelos dela tinham cheiro de terra úmida.

Olhavam o céu noturno, abraçados.

– A estação seca chega ao fim, veja – sussurrou ela – Güyrá-Nhandu se põe esta noite.

Jukugüassu olhou para a constelação da Ema do Inverno, triste.

– Nos conhecemos na última noite das chuvas – disse ele – e então você disse que partiria quando o verão voltasse. Por quê?

Uma abelha eïrapu'a, vinda da floresta, zumbiu e pousou na mão dela.

– Só posso vir aqui durante o tempo de Güyrá-Nhandu, é a lei de minha gente.

– É uma lei estranha – respondeu ele – Eu... vou te ver de novo?

Ela afagou sua mão, e uma segunda abelha zumbiu no escuro.

– Você não pode vir comigo – disse ela – Mas, se ainda quiser, podemos nos encontrar daqui a seis meses.

– Por quê? – ele se sentou – Ficamos juntos apenas uma estação, porque ir embora tão cedo, e porque tanto tempo para voltar?

– Pelo mesmo motivo que não te disse meu nome quando nos conhecemos – disse ela, triste – Leis, que não posso quebrar.

Ele se calou.

– Por favor, me diga – sussurrou ela – Güyrá-Nhandu se põe, logo terei de ir. Você... estará aqui quando eu voltar?

– Ainda não compreendo... – disse ele, mas sorriu para ela – Mas eu nunca me senti tão feliz! Queria passar mais tempo contigo, ter mais noites como essa! Se é impossível agora... Quando a estação seca voltar, estarei aqui.

O sorriso dela foi tão lindo quanto o brilho da lua nas gotas de chuva, e ela o puxou para um beijo demorado.

O zumbido de abelhas aumentou ao redor deles, e então, um enxame surgiu das sombras próximas.

– Partirei agora – disse ela, erguendo-se – Meu tempo se inicia.

E, ao comando dela, as eïrapu'a se aproximaram e a envolveram. Ele a encarou, maravilhado.

– Como você...? – disse.

– Há seis meses você perguntou meu nome, quando as abelhas se foram – disse ela – Agora as eïrapu'a voltaram com sua resposta. Jukugüassu, as abelhas trazem a chuva que você sempre amou... Você sempre me amou, e eu o amei desde a primeira vez que te vi do céu.

– Você é...! – e ele arregalou os olhos.

Mas as eïrapu'a cresceram ao redor dela, como uma nuvem, cobrindo-a completamente.

– Eu sou Seixu – soou a voz dela de dentro do enxame – a Constelação da Colmeia, Senhora da Estação das Chuvas. Minha meia-irmã, Güyrá-Nhandu, se põe no oeste, e quando ela renascer, honrarei nossa promessa!

Ele tentou se aproximar, mas ela se desfez em milhares de abelhas, num redemoinho que cresceu e subiu aos céus, até os limites do leste.

E então surgiu no horizonte a constelação de Seixu, o Enxame de Estrelas, e sob ela as nuvens escuras cresceram, celebrando a chegada de sua mãe.

O som da chuva ecoou na selva, encharcando Jukugüassu, que sorria, em êxtase.

Ele sempre amou a chuva. E não via a hora de tê-la em seus braços de novo.

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Arte do conto: night-sky-181148, retirada de Pictures 4ever.
Website: http://pictures.4ever.eu 

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