É, existe vida entre as provas do curso, e aqui venho postar mais um conto desse ano!
Ambientado em Aera, o universo onde mais gosto de escrever, Itztlan é uma ilha do País do Sul, inspirada na cultura Asteca. Espero que gostem!
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Itztlan
(do universo de Aera, o mundo dos Deuses-Ventos)
(histórias de Ka'aretama, as selvas do Sul)
O sol ainda não havia
se posto, mas as sombras da cordilheira já há muito cobriam as casas de pedra,
e espalhavam-se na face calma do grande lago. Era início do inverno; o vento
frio das montanhas agitava as árvores que nos vales abaixo,
e levantava a poeira das ruas de terra da grande cidade. Naquele dia, os
habitantes se recolheriam cedo, os artesãos fechariam suas tendas e os pastores
de cabras retornariam ainda com o dia claro. Seria a primeira noite de lua
nova, e era inverno. Era a noite dos itzcuintlipotzohtin.
Yaotl sentou-se,
cansado, em frente à gigantesca pilha de lenha e folhas secas. Passara o dia
todo ajudando os servos a levantarem a pira, tronco sobre tronco, e seus braços
franzinos ardiam com o exercício. Tinha nome de guerreiro, como o pai, mas não
se interessava pela guerra. Sua mente era curiosa como a de um esquilo e sua
inteligência aguçada demais para o caminho das armas. Fora obrigado a ajudar os
servos a erguer a pira aromática, a fim de exercitar os músculos, e agora era o
responsável em acendê-la quando fosse a hora, como muitas outras espalhadas
pelas colinas da cidade.
Tepeme era uma
das três maiores cidades do Império Itztlan, situado na ilha de mesmo nome. As
cidades do império espalhavam-se pela larga cordilheira da ilha, de montanhas
de cumes nevados e florestas densas, até os vales do litoral. Era um dos povos
mais prósperos do País do Sul, devido ao ouro das montanhas e do comércio com o
continente, mas a vida nas cordilheiras tinha um preço. Sob as montanhas não
havia apenas ouro.
Era a primeira
lua nova do inverno, e os itzcuintlipotzohtin
viriam.
Uma brisa soprou
por entre os mantos de Yaotl. Ali, sobre o topo de uma das pirâmides de pedra da
cidade, os ventos eram mais fortes. Arrependeu-se de não ter trazido um manto extra;
abraçou-se com as mãos numa tentativa vã de proteção, mas ele sabia que não, não
era o frio que o preocupava.
E o sol se pôs.
Quando a primeira fada-vagalume piscou entre a copa das árvores das montanhas
mais baixas, os tambores começaram. Espalhados em cada torre da cidade, os
escravos bateram com violência, para que o som pudesse ser ouvido por toda a
parte, e ecoasse nos vales além.
Um, dois, três.
Era o sinal. Ao terceiro
toque, Yaotl ateou fogo à pira de lenha encharcada de óleo. Logo o crepitar de
madeira acompanhava o rufar dos tambores, cujo som preenchia toda a cidade,
deserta agora, e o fogo cresceu com força.
O cheiro era tão
poderoso que fez Yaotl tossir e seus olhos arderem. Além da madeira, a fogueira
trazia em seu âmago três sacos da sagrada resina copal, cuja fumaça aromática agora se erguia violenta contra o céu da
noite.
Ele afastou-se um
pouco mais, mas ainda não deveria abandonar a fogueira. Logo outra e mais outra
acenderam nas colinas distantes, como faróis na noite das montanhas. E os
tambores não paravam.
O incenso
sagrado costumava atrair as pequenas fadas-vagalume, que brincam nas labaredas
e desenham na fumaça, mas nenhuma veio para a pira de Yaotl, mantendo-se
protegidas sob as sombras das árvores. As estrelas nasceram, mas nenhuma fada
se aproximou.
Os tambores
continuavam, a ritmos frenéticos agora, e assim continuariam, por toda a noite,
até que as odiadas criaturas do inverno tivessem vindo, vindo e partido, sem
ousar se aproximar da cidade.
O coração do
garoto batia junto com os tambores. Crescera ouvindo as histórias do povo-fera
que vivia sob a montanha, que devorava homens e atacava cidades. Desde pequeno
aprendera a temer as noites de inverno. Temia as feras hueycamame, que engoliam rebanhos inteiros, e temia a medonha
serpente Tlilticoatl, que devorava a
pessoa e cuspia em seu espírito. Eram os itzcuintlipotzohtin,
porém, o seu pesadelo mais recorrente. As feras das noites sem lua.
O vento soprou
mais forte, os tambores continuaram sua cadência. As fadas-vagalume não
deixavam o abrigo das árvores, e nada restava ao jovem senão esperar. O pai fora
incisivo em sua decisão de manda-lo às fogueiras; queria que o filho
desenvolvesse não só o físico do guerreiro, mas a coragem de um. Passar a noite
das feras como vigia moldar-lhe-ia o espírito, disse ele, mas o suor do garoto
só provava o quanto o pai podia estar enganado. Yaotl rezava à Brisa da Graça para
que a noite passasse logo, mas o tempo se arrastava, rebelde.
Um uivo vindo do
norte eriçou seu cabelo e arregalou seus olhos.
E lá, sobre as
colinas descampadas, ele viu.
A luz das
estrelas era fraca, mas mesmo assim era possível perceber o gigantesco vulto do
animal, recortado contra o azul da noite. Os olhos brilhavam como chamas
vermelhas, mesmo àquela distância, e por um segundo o coração do garoto parou.
Mas a criatura
não se moveu. O aroma do copal, que
impregnava o ar da cidade graças às fogueiras dos servos, graças aos Deuses, iria
mantê-lo afastado. O cheiro era sagrado demais para as feras dos subterrâneos, e
o ruído dos tambores ensurdeciam sua poderosa audição. Yaotl estava apavorado,
mas enquanto durassem as fogueiras e continuassem os tambores, Tepeme estaria a
salvo.
Logo outro
surgiu ao seu lado, e mais outro, e enfim o vulto de uma matilha inteira se ergueu
no descampado.
O garoto engoliu
em seco. Os olhos começavam a arder por causa da fumaça, mas nem que o próprio imperador
o mandasse ele se afastaria da proteção das chamas. Outra lufada de vento, porém, agitou seus mantos, e uma gota de água tocou-lhe o rosto.
Chuva.
Era esse o
motivo porque as fadas-vagalume não saíam do abrigo das árvores, elas sentiram a
tempestade! E foi de súbito que uma forte ventania se ergueu, vinda do norte,
vergando árvores, erguendo poeira. Yaotl protegeu os olhos, e viu, desesperado,
quando uma gigantesca nuvem cobriu as estrelas, derramando os primeiros pingos grossos
sobre as fogueiras protetoras. Logo, o barulho de chuva forte encheu o vale.
Não demorou
muito e Yaotl estava ensopado. Lutando desesperado contra a torrente, pegava os
troncos secos do abrigo próximo e os arremessava ao fogo, alimentando-o para
que vencesse a chuva. A tempestade, porém, era tão intensa que competia até com
o som dos tambores. Não demorou muito e o silvo da água era tudo o que podia
ouvir, mal lhe permitindo que enxergasse metros à frente. Logo os servos
surgiram sobre a pirâmide para ajudá-lo, carregando lenha embebida em óleo para
alimentar o fogo, mas a água era tanta que rapidamente encharcou a pira, alagou
o chão e fez morrer a última centelha.
Desesperado,
Yaotl viu, uma a uma, as fogueiras de Tepeme se apagarem. E como numa brincadeira
terrível, a chuva enfraqueceu em seguida.
Os servos
olhavam-se, perdidos sobre o que fazer. Seria impossível reviver o fogo e a
fumaça protetora. Arfando com o esforço, sentindo-se derrotado, Yaotl demorou
a perceber o silêncio.
Os tambores
haviam parado.
Voltando-se para
o descampado, não viu mais os vultos negros sobre a colina. Ouviu um uivo alto,
e então o alarme da cidade tocou.
Arregalou os
olhos, desesperado, e correu.
<<<>>>
O garoto
escorregava nos degraus molhados e quase despencava da escadaria da pirâmide,
seguido atrás pelos servos. O peito ardia com o esforço que fizera com a lenha,
a respiração queimava porque ficara muito perto da fumaça, mas nada o faria
parar. Alcançou o último degrau e ganhou a rua escura, de tochas também apagadas.
Os servos tomaram cada um o caminho da casa de seu senhor, e logo o garoto
corria sozinho.
O abrigo ficava
na parte nordeste da cidade, justamente entre a pirâmide onde estava e a colina
onde vira os itzcuintlipotzohtin. Era
para lá que deveria ir, em caso de problemas, e os Deuses sabem que ele jamais
pensou que teria de ir lá. Errou o
caminho meia dúzia de vezes, escorregando na lama da rua, tropeçando nos
obstáculos mais idiotas. Cada sombra o apavorava, cada nova esquina o enchia de
angústia. Ele podia ouvir o barulho dos guerreiros se organizando, mais além,
mas, que a Brisa da Graça os protegesse, eles não seriam páreo para as criaturas.
Somente os xamãs de Itztlan poderiam
combatê-los, eles sim protegeriam a cidade, mas, eram tão poucos!
Esgueirou-se
pela última esquina, e, encontrando um beco, percorreu-o até o fim. Viu-se no
início de um pequeno monte que reconheceu como próximo ao abrigo, e iniciou a subida.
Porém, ao atingir o vale entre duas colinas, sentiu um aperto no peito, como se
a própria morte estivesse do outro lado.
Talvez
estivesse.
Desesperado, no
mais puro instinto, jogou-se entre os arbustos mais próximos, aterrissando sobre
espinhos e lama. Aguardou. Tentou a custo normalizar a respiração e impedir o
corpo de tremer, seja por frio ou por medo.
E sobre o topo
da colina, ergueu-se um itzcuintlipotzohtli.
Era a primeira
vez que via um. A cabeça de cachorro era do tamanho de um homem, com olhos
arregalados, vermelhos como o fogo das fogueiras. O pelo era escuro como
obsidiana e pontiagudo como agulhas de costura. Lembrava o cão de Yaotl, porém
gigantesco, com garras de águias no lugar de patas e uma enorme corcunda
deformada às costas, que o deixava do tamanho de uma casa. Cravada na corcunda
monstruosa, pontas de flecha e lanças partidas se projetavam para frente, como
um desafio ao próximo que tentasse.
Farejou o ar.
Talvez tivesse sentido o cheiro do garoto, mas a chuva varrera os aromas. Garra
ante garra, o cachorro-demônio avançou um pouco mais colina abaixo,
aproximando-se de onde Yaotl estava.
Se não fizesse
alguma coisa, seria descoberto. Tremendo, o garoto procurou, devagar, por uma
pedra na lama, uma que pudesse fazer barulho mas que coubesse em sua mão. Achou
uma, apertou-a e fez força para erguer o braço sem fazer ruído. Usando todo o
seu desespero, tentou arremessa-la nas moitas do outro lado.
Deu certo.
O barulho fez o itzcuintlipotzohtli girar sobre si mesmo,
desfazer-se em sombras e espinho, como só os demônios poderiam fazer, e a massa
de escuridão disforme avançar outra direção. Sem pensar duas vezes, Yaotl
ergueu-se e correu, correu como nunca antes correu na vida, usando todas as
forças para contornar a colina por entre as árvores. Nem bem deu três passos e
pôde ouvir o som da fera se desmanchando e vindo atrás de si. Os arbustos
atrapalhavam a corrida, mas atrapalhariam mais o monstro, e por isso o garoto
conseguiu ganhar distância, atravessando para o descampando e descendo o monte.
Correndo na lama, Yaotl finalmente pôde ver à frente a grade do abrigo,
escondida pelas folhagens. Gritou por socorro, gritou para abrirem, mas escorregou
numa poça e seu rosto veio ao chão.
Voltou-se
desesperado e viu, no topo da colina atrás de si, o amontoado de trevas
pontiagudas se erguer e materializar o cachorro-demônio, em posição de ataque, os
olhos fumegando, os dentes à mostra.
Um barulho de
ferro atrás de si, e então o cheiro de copal.
_ Garoto, não se
mexa! – ergueu a voz austera de um homem. Tinha os cabelos negros e olhar
severo, vestido em mantos e talas de metal, com o rosto pintado com tinta
escura. Nas trevas da noite, parecia sangue. Erguia na mão direita um
incensório, de onde vinha o abençoado aroma, e na mão esquerda abraçava uma
placa de cerâmica. Na cabeça, um grande cocar verde e vermelho,
de penas de quetzal.
Um xamã.
_ Afaste-se,
besta da noite! Filha da montanha, criatura das sombras!
A fera rosnava e
babava, mas não ousava avançar. Sem alterar a feição, o mago dirigiu-se para
Yaotl.
_ Garoto, venha
para trás de mim, devagar.
Ele obedeceu,
tremendo, e se arrastou até atrás do xamã. A fera tremeu e se contorceu, seu
corpo oscilou entre o imaterial e o físico, mas ver a presa ir embora foi
demais para a criatura. Avançou.
O mago sorriu.
Arremessando o
incensório de lado, ele descobriu a mão, que possuía pintada uma runa de poder,
e tocou a lama do chão.
A água ondulou e tremeu por toda a colina, e quando a fera tocou as garras no solo, a própria lama dançou e se ergueu no ar, fazendo-a tropeçar miseravelmente e vir ao chão com impacto. Súbito, o mago ergueu a placa de cerâmica à frente da cabeça. Entalhada em sua face, inúmeros glifos em alto-relevo, sobre os quais figurava, majestosa, uma grande runa de poder.
A água ondulou e tremeu por toda a colina, e quando a fera tocou as garras no solo, a própria lama dançou e se ergueu no ar, fazendo-a tropeçar miseravelmente e vir ao chão com impacto. Súbito, o mago ergueu a placa de cerâmica à frente da cabeça. Entalhada em sua face, inúmeros glifos em alto-relevo, sobre os quais figurava, majestosa, uma grande runa de poder.
_ Rompendo o
selo que tranca o portão, eu convoco, pela ponte entre os mundos e pelo arco de
prata, o primeiro de todos. Yahui!
Dizendo isso, o
mago apertou e partiu a placa em duas. O som ecoou como que ampliado, e acompanhando
o gesto, a runa brilhou em pedaços fosforescentes, como um enxame de
fadas-vagalume, e então o ar à frente do xamã também trincou, trincou e abriu,
e da fresta entre os mundos surgiu uma garra monstruosa, e logo outra, e então,
da ferida na realidade surgiu um ser majestoso, tão grande quanto o itzcuintlipotzohtli. A luz da runa partida
mostrava o novo ser: cabeça de serpente e garras de lagarto, e uma carapaça
massiva às costas, como as da tartaruga. Quando a criatura deixou completamente
a fenda, a luz brilhou forte e se extinguiu, mas a escuridão não veio por
completo. Pois a carapaça mágica emitia, ela mesma, uma suave luz azul, que
iluminava toda a clareira onde estavam, iluminava os mantos do xamã e o rosto em
êxtase de Yaotl.
Ele estava
maravilhado, pois nunca antes presenciara uma invocação, o ritual supremo dos xamãs de Itztlan para proteger suas
cidades. Esqueceu-se do medo e do cansaço, esqueceu-se que estava na margem do
campo de batalha, da dor nos braços e da falta de ar. A criatura era magnífica,
a luz que emitia trazia paz e ao mesmo tempo vigor, e as escamas de sua pele
pareciam ter suportado tempos imemoriais.
_ Yahui, besta sagrada dos vales de Itztlan
– recitou o xamã – proteja essa cidade que clama por proteção.
A gigantesca
serpente-tartaruga moveu a cabeça devagar e se voltou para o cachorro-demônio.
O itzcuintlipotzohtli, até então
caído, ergueu-se num salto, rosnou com ódio e armou o ataque.
Saltou.
Garra de águia
contra garra de dragão. Por mais criaturas e guerras que vieram depois, a luta
daquela noite sem lua jamais deixou os sonhos e a lembrança de Yaotl. O
cachorro-demônio era rápido e seus espinhos de sombra mortais, mas a pele
áspera do yahui sequer sentia seus
golpes. A serpente-tartaruga era poderosa, e foram apenas cinco, Yaotl contou,
cinco golpes para vencer aquela batalha.
E isso tudo foi
há uma década atrás.
Os sete hueycamame abriram suas gigantescas bocas e rugiram, ameaçando avançar. Yaotl, prostrado entre as feras e os muros da cidade, levantou os braços acima da cabeça, erguendo uma tábua de obsidiana gravada com numerosos glifos e uma runa de poder. Usava mantos azuis e placas de metal, trazia o rosto pintado com tinta escura, e à cabeça, um cocar. Como um xamã de Itztlan. E então, com uma voz que ecoou pelos vales de Tepeme, gritou:
Os sete hueycamame abriram suas gigantescas bocas e rugiram, ameaçando avançar. Yaotl, prostrado entre as feras e os muros da cidade, levantou os braços acima da cabeça, erguendo uma tábua de obsidiana gravada com numerosos glifos e uma runa de poder. Usava mantos azuis e placas de metal, trazia o rosto pintado com tinta escura, e à cabeça, um cocar. Como um xamã de Itztlan. E então, com uma voz que ecoou pelos vales de Tepeme, gritou:
_ Rompendo o
selo que barra o caminho, eu convoco, por entre os pilares dos sonhos e pelo
portão de espelho, a serpente emplumada. Quetzalcoatl!
Um grito de
águia ergueu-se do céu quando Yaotl partiu a placa em duas, e nas alturas das
nuvens surgiu a sombra da lendária serpente emplumada. Os olhos do xamã
brilharam com a lembrança daquela noite sem lua. Os ventos da morte sopraram
muito próximos daquela vez, mas se a chuva não tivesse apagado as fogueiras,
Yaotl nunca teria presenciado o duelo, e assim não teria descoberto seu
verdadeiro sonho, nem conhecido o xamã, agora seu mestre em magia. Os ventos da
fortuna sopram sempre ao lado dos ventos da desgraça.
Outro grito de
águia ecoou quando o quetzalcoatl
desceu das nuvens. Yaotl sorriu.
Tepeme estaria a
salvo mais uma vez.
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Sobre o conto
A excelente imagem do início do conto foi retirada da galeria de ~sachiko2189
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Sobre o conto
Bem, juro que a princípio, tentei
um nome mais pronunciável para a fera do conto. Eu queria criar um animal
monstruoso, e pensei num cachorro-lobo que aterrorizaria a cidade, quando, lendo
sobre a cultura asteca, descubro que o dito cujo existia (ou pelo menos algo parecido), e tinha nome. O itzcuintlipotzohtli (plural itzcuintlipotzohtin) consta nos livros de
animais míticos como um cachorro selvagem com uma corcunda disforme, que hoje
já se extinguiu. É claro que pintei ele do meu jeito, mas mantive o nome, então
desculpem pelos nós na língua. Abaixo uma pequena descrição que retirei do
livro Mysterious Creatures, de George M. Eberhart, seguido de uma imagem de 1787
ITZCUINTLIPOTZOTLI
Etimologia: Nahuatl
(Uto-Azteca), “cão corcunda”, de itzcuintli (“cachorro”) + potzotli (“corcunda”).
Descrição Física: Do
tamanho de um cachorro pequeno. Preto, castanho e pintas brancas. Com uma
pequena cabeça, parecida com a do lobo. Pescoço pequeno. Focinho protuberante. Orelhas pequenas e
penduradas. Corcunda volumosa se avoluma ao longo de suas costas. Pernas dianteiras
menores do que as traseiras.
Distribuição: Estado de Michoacán, México.
Relatos importantes: a senhora Frances Calderón de la Barca
viu a carcaça morta de um pendurada num gancho, perto da porta de uma
hospedagem no Vale Guajimalco.
Fontes: Francesco Saverio
Clavigero, Historia antigua de México [1780] (Cidade do México:
Editorial Porrúa, 1945); Frances Calderón de la Barca, Life in Mexico,
during a Residence of Two Years in That Country (Londres: Chapman and Hall, 1843).
A excelente imagem do início do conto foi retirada da galeria de ~sachiko2189
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ao menos esse não deu medinho XD
ResponderExcluirO monstro q imaginei era mais feio q o desenho...
ResponderExcluirGostei do conto!! quero ler mais! vou tentar...
Parabéns
^^
*anônimo tb devia estar estudando* XD áááá bom p/caralho, muito boa a dinâmica da narrativa, a ponto de eu ficar apreensivo. Os elementos do mundo, sempre muito criativos, estavam perfeitamente colocados de forma a impulsionar a narrativa. Bom p/caralho."As feras da noite sem lua" -> muito bom
ResponderExcluirobs: 1o parágrafo "Era início de inverno; o vento frio das montanhas agitava as árvores que nos vales abaixo, e levantava a poeira das ruas de terra da grande cidade." -> tem alguma coisa faltando ou um "que" sobrando =P